A eleição em Mutuípe: um cenário complexo e cheio de incertezas.

Há 16 dias para o início das convenções partidárias, o panorama político em Mutuípe se desenha desafiador para os pré-candidatos a prefeito. Com quatro nomes na disputa — João Carlos (PT), Luciano Rocha (MDB), Mauricio (PSD) e o vereador Amigo (PP) — o cenário, que em outras circunstâncias favoreceria o candidato da gestão, se torna uma arena de incertezas devido ao governo conturbado do prefeito Digão. As recentes polêmicas envolvendo o concurso público e o Arraiá do Toin só aumentam a rejeição popular ao atual prefeito.

A multiplicidade de candidatos, paradoxalmente, pode ser benéfica para João Carlos (PT). O jovem vereador pode se aproveitar da fragmentação dos votos para viabilizar o retorno do grupo de Carlinhos ao poder, após oito anos de afastamento.

No entanto, os demais candidatos precisam urgentemente construir alianças para evitar uma pulverização de votos que poderia facilitar a vitória do PT. A pergunta que fica é: como formar essas alianças sem gerar divisões internas nos partidos?

Uma possível união entre PT e MDB, com João e Luciano, foi cogitada, mas esbarra em rivalidades históricas. Parte do grupo de Béu Rocha, do MDB, ainda guarda rancor do período de 16 anos de governo petista de Carlinhos. Por outro lado, seguidores de João não esquecem a derrota imposta por Béu Rocha em 2016. Assim, uma aliança entre os dois grupos poderia provocar um racha com consequências eleitorais difíceis de prever.

A possibilidade de Luciano Rocha se unir ao grupo de Digão também enfrenta resistência. Desde a eleição de 2016, Béu Rocha e seus aliados sentiram-se marginalizados pelo atual prefeito. O problema começou após as eleições de 2016, quando Béu foi excluído até da escolha da equipe de transição e só permaneceu no governo por sentir o compromisso com seus eleitores de melhorar Mutuípe. No entanto, próximo às eleições de 2020, Béu rompeu definitivamente com Digão por discordar dos rumos do governo e por não ser mais ouvido. Após isso, Digão passou a afastar qualquer pessoa fiel a Béu. Muitos preferiram sair do governo a trair Béu Rocha, enquanto outros, criticando Béu, permaneceram com Digão, ignorando o apoio que Béu deu à oposição durante 16 anos de governo petista.

Dentro do grupo do prefeito, há aqueles que já não desejavam a participação de Béu no governo e que temem perder espaço com Luciano Rocha, preferindo até perder a eleição a entregar o poder ao filho de Béu. Resumindo, também haveria racha nesta composição.

Mauricio, que já disse não a Digão e a João, ainda não dialogou com Luciano Rocha sobre uma composição. Não enfrenta muita resistência no grupo de Luciano Rocha, mas sua insistência em ser o candidato a prefeito torna a união difícil, uma vez que o MDB já definiu que terá o candidato a prefeito nestas eleições.

Diante deste cenário, a eleição em Mutuípe permanece uma incógnita. A definição das alianças e a capacidade de os candidatos navegarem pelas águas turbulentas das rivalidades políticas serão cruciais para o desfecho deste embate eleitoral.

Por Lucas Alves

 

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