Moradores levam dezenas de corpos à praça após operação mais letal da história do Rio de Janeiro

Por Ana Sampaio

Uma mobilização chocante marcou a madrugada desta quarta-feira (29) no Complexo da Penha, na zona norte do Rio de Janeiro. Segundo relatos de moradores, dezenas de corpos foram levados para a Praça São Lucas — um dos pontos centrais da comunidade — após a conclusão de uma ação policial que se configura como a mais letal da história do estado.

Relatórios apontam que os cadáveres teriam sido encontrados em uma área de mata na Serra da Misericórdia, nas proximidades da localidade conhecida como Vacaria, palco de intensos confrontos entre agentes de segurança e integrantes da facção criminosa Comando Vermelho.

No total, o governo do Estado do Rio de Janeiro comunicou que a operação deixou 64 mortos — sendo quatro policiais e 60 suspeitos. Até o momento, não há confirmação se os corpos levados à praça estão incluídos nesse balanço, o que levantaria o número real de vítimas para além da marca oficial.

Às 3 h da manhã, os primeiros corpos começaram a chegar à Praça São Lucas, transportados por caminhonetes até por volta das 7h30, quando ainda havia movimento na região. Três rabecões da Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro chegaram pouco antes das 8h. A maior parte dos corpos foi deixada coberta por lençóis e cobertores enquanto parentes e moradores tentavam identificar as vítimas.

As polícias Civil e Militar do estado ainda não emitiram pronunciamento detalhado sobre o episódio, e autoridades dos direitos humanos já se mobilizam para acompanhar o caso. A ação, que mobilizou cerca de 2,5 mil agentes das forças de segurança, tinha como objetivo segundo o governo conter o avanço territorial do Comando Vermelho em 26 comunidades da capital fluminense.

A cena na comunidade revela um retrato intenso da violência urbana e do impacto humano de uma operação policial de larga escala — num momento em que se busca não apenas contabilizar o número de mortos, mas também entender as circunstâncias em que ocorreram as mortes, se houve abusos ou violações de direitos, e qual será o encaminhamento para as famílias das vítimas.

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