Por Brício Lopes
Tradição, religiosidade e polêmica foram os ingredientes da Lavagem das Baianas de Jenipapo. O evento cultural reuniu centenas de pessoas no distrito de Jenipapo, em Ubaíra, na manhã deste domingo (16). Crianças e adultos dançaram, cantaram e festejaram a tradição local que resiste ao longo do tempo.
A Lavagem das Baianas é realizada há mais de 70 anos, porém, somente nos últimos 15 anos entrou para o calendário oficial do município. A prefeitura custeou o evento com mine trio elétrico e carro pipa, que refrescou aqueles que estavam com calor.
São José é o santo da comunidade homenageado nos festejos das baianas todos os anos. Elas desfilam pelas ruas do distrito e no final lavam as portas da igreja com água de cheiro e muitas rosas. Contudo, as comemorações têm sofrido embargo nos últimos anos.
O padre Advan, pároco de Ubaíra determinou uma série de restrições. Proibiu que as baianas amarrassem fitas do santo no portão, não realizou a missa como era de costume em anos anteriores e nem permitiu o acesso à igreja. Durante todo o domingo, os portões permaneceram trancados.
Os praticantes do candomblé não compreenderam a decisão do sacerdote que não aceita o sincretismo religioso na comunidade.
Selivalvo de Jesus, adepto do candomblé, foi um dos que reclamaram da igreja.‘‘Eu acho que isso pra mim é intolerância religiosa. Porque uma festa dessas, hoje era pra tá os portões abertos. Nem tivemos a oportunidade de amarrar as fitas e jogar as flores. Ele (padre Advan) proibiu. É um pouquinho triste porque queríamos… É como se o evento ficasse pela metade’’, comentou o homem de santo que mora em Santa Inês.
A festa também é conhecida como ‘‘Festa de São José’’, mas o padre determinou que o nome do santo fosse retirado do evento. O padre Advan não foi localizado para falar sobre o assunto.