Opinião: Superferiado potencializou corrida eleitoral antecipada para Jerônimo Rodrigues

Quando prefeitos eleitos e reeleitos ainda vivem a lua-de-mel com os eleitores, os profissionais da política que vão a campo em 2026 colocaram a roupa de pedir voto e foram para as cidades do interior da Bahia correr trecho. Maior festa popular do interior, o São João foi palco para situações inusitadas, como virar uísque no gargalo, e o superferiado junto com Corpus Christi potencializou os efeitos eleitorais da folia.

Quem mais gastou tempo em visitas, basta olhar em publicações nas redes sociais, foi o governador Jerônimo Rodrigues. Candidatíssimo à reeleição, ele foi arroz de festa e pode ser encontrado nos mais diversos cantos da Bahia. Pelo menos desde a última quarta-feira, véspera do feriadão, Jerônimo passou a peregrinar em ambientes em que aliados controlam – não que isso não tenha gerado eventuais repercussões negativas como vaias. Todavia, o resultado final tende a ser celebrado, já que um político visto é possivelmente mais lembrado do que eventuais adversários. Se em 2024, o governador já tinha feito um exercício similar, este ano e no próximo ele vai usar e abusar desses acessos facilitados enquanto chefe do Executivo para ampliar ainda mais o próprio alcance. Ponto para os estrategistas que sabem aproveitar esses espaços.

  Já o principal adversário, o ex-prefeito de Salvador, ACM Neto, ficou bem mais restrito. Apesar de ter aliados em cidades-chaves baianas, o ex-candidato ao governo em 2022 se limitou a percorrer cidades na véspera de São João, deixando passar em branco (ao menos nas próprias redes sociais) os primeiros dias do superferiado. Essa espécie de “reclusão” é uma das principais críticas de aliados, que enxergam na baixa presença dele no interior como uma das fraquezas a serem exploradas pelo grupo político que hoje controla a Bahia. Nos últimos meses, ACM Neto até tem buscado mudar esse perfil. No entanto, nos seis dias de festas juninas mais intensas, ele quase não cortou as vielas baianas se comparado com Jerônimo.

  Quem também “sumiu” foram os potenciais candidatos ao Senado já conhecidos. Jaques Wagner ainda deu o ar da graça e Angelo Coronel justificou a demanda por descanso para um forró “a dois”, junto com a esposa Eleuza Coronel. Já Rui Costa, averso a festas populares, fez uma menção plastificada ao momento pulsante da cultura nordestina. Para quem deseja ser lembrado nas urnas em 2026, numa função majoritária, os três ficaram aquém da busca por visibilidade permitida pelos festejos de Santo Antônio, São João e São Pedro. Ainda dá pra correr atrás do prejuízo com o próximo final de semana, mas sem o mesmo apelo do superferiado e do carro-chefe de junho, o São João.

Para falar dos candidatos a deputado, não daria para listar até mesmos os excessos cometidos por quem almeja permanecer nos cargos ou ganhá-los. O mais emblemático talvez seja o episódio envolvendo Elmar Nascimento e os goles de uísque em cima de um palco junino. Vale tudo por voto? Talvez. Mas tenha certeza que ele não supera a cena dantesca de alguns anos atrás, quando um prefeito acompanhou o show de Dorgival Dantas em cima do palco e bebeu cachaça que saía do ânus de um bode de pelúcia. O São de 2025 prometeu e entregou muito. Só basta saber olhar. Ainda que politicamente.

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