PF prende Domingos Brazão e Chiquinho Brazão por mandar matar Marielle; delegado Rivaldo Barbosa também é preso

No domingo, 24 de dezembro, a prisão dos irmãos Domingos Brazão e Chiquinho Brazão, juntamente com o delegado Rivaldo Barbosa, marcou um novo capítulo nas investigações do caso Marielle Franco, assassinada em março de 2018, juntamente com o motorista Anderson Gomes. Os mandados de prisão preventiva foram emitidos pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), como parte da Operação Murder, Inc., conduzida pela Procuradoria-Geral da República (PGR), Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) e Polícia Federal (PF). A investigação, iniciada em fevereiro do ano passado pela PF, levou à ação deste domingo.

Domingos, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ), e Chiquinho, deputado federal pelo União Brasil, ambos com foro especial, foram detidos sob acusações de envolvimento no crime. Rivaldo, que chefiava a Polícia Civil à época do atentado e atualmente exerce a função de coordenador de Comunicações e Operações Policiais, também foi preso.

Desde o início das investigações, em 2018, Domingos estava sob suspeita e prestou depoimento no caso três meses após o atentado. Os irmãos sempre negaram envolvimento no crime. O advogado de Domingos afirmou que seu cliente é inocente.

Além das prisões, foram expedidos mandados de busca e apreensão na sede da Polícia Civil do Rio de Janeiro e no Tribunal de Contas do Estado. Entre os alvos estão os delegados Giniton Lages, titular da Delegacia de Homicídios na época do atentado, e Marcos Antônio de Barros Pinto, um de seus principais subordinados, que foram afastados de suas funções atuais e terão que usar tornozeleiras eletrônicas.

A esposa de Rivaldo, Erica de Andrade Almeida Araújo, também teve busca e apreensão decretada, seus bens foram bloqueados e a atividade comercial de sua empresa suspensa pela PF, que alega que a empresa lavava dinheiro para o marido.

A motivação do assassinato de Marielle Franco parece estar relacionada à expansão territorial da milícia no Rio de Janeiro. Rivaldo é suspeito de ter acordado em não investigar o caso.

A operação deste domingo foi realizada para surpreender os suspeitos, após informações da inteligência policial indicarem que eles estavam em alerta nos últimos dias, após a homologação da delação premiada do ex-policial militar Ronnie Lessa pelo STF.

Lessa, que está preso desde 2019 sob acusação de ser um dos executores do crime, apontou os mandantes do assassinato e forneceu detalhes sobre a motivação do crime. Segundo ele, os mandantes fazem parte de um grupo político influente no Rio de Janeiro.

A prisão dos suspeitos foi recebida com emoção pela família de Marielle. Monica Benicio, viúva de Marielle, está na Polícia Federal, enquanto Anielle Franco, ministra da Igualdade Racial e irmã de Marielle, expressou gratidão pelas ações da PF, governo federal, MP federal e estadual, e pelo ministro Alexandre de Moraes. Marinete da Silva, mãe de Marielle, destacou a importância desse dia para a busca por justiça.

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