Deputado Dal gastou R$ 114 mil da Câmara em posto de sócio, divulga UOL

O deputado federal Dal Barreto (União Brasil-BA), investigado pela Polícia Federal na Operação Overclean, é suspeito de envolvimento em um esquema de propina e uso irregular de verba pública. Desde 2023, o parlamentar gastou R$ 114 mil em reembolsos da Câmara dos Deputados em um posto de combustíveis de um de seus sócios, localizado em Amargosa, sua cidade natal.

Segundo reportagem do UOL, Dal Barreto teria ampliado seu patrimônio por meio de contratos com prefeituras que abastecem veículos nos postos da Rede Dal, empresa da qual é proprietário. As investigações apontam que o deputado teria atuado em parceria com o lobista Evandro Balbino do Nascimento, ligado a empresas de pavimentação, para aliciar prefeitos e intermediar contratos públicos mediante pagamento de propina.

De acordo com a PF, o grupo oferecia apoio político nas eleições municipais de 2024 em troca de futuras contratações públicas. Prefeitos aliados receberiam um “cardápio de empresas” indicadas por Dal e Evandro para prestar serviços após as eleições. Parte dos valores pagos às empresas retornaria aos gestores como vantagens indevidas.

Dal Barreto possui 100 postos de combustíveis registrados em seu nome, mas a Rede Dal pode ultrapassar 500 estabelecimentos, considerando negócios em nome de sócios e familiares apontados como laranjas.

Um dos exemplos citados na investigação é o Auto Posto Rotondano, também em Amargosa. Desde que assumiu o mandato, em 2023, Dal apresentou 326 notas fiscais do local para reembolso parlamentar. O proprietário do posto, Ivis de Souza Rotondano, é sócio do deputado em 15 outros empreendimentos e também foi procurado pela reportagem, mas não respondeu.

As notas apresentadas à Câmara incluem abastecimentos que ultrapassam R$ 1,6 mil em diesel de uma só vez, enquanto o deputado utiliza um veículo alugado por R$ 12 mil mensais, pago com recursos da Casa. Em média, os pedidos de reembolso somam R$ 3,6 mil por mês em combustíveis comprados em Amargosa.

A Câmara dos Deputados proíbe o uso da cota parlamentar em empresas pertencentes ao deputado ou a parentes de até terceiro grau, mas não impede gastos em estabelecimentos de sócios.

Verbas de campanha também estão sob investigação

Durante o período eleitoral de 2024, quando os fatos começaram a ser apurados pela PF, empresas ligadas a Dal Barreto receberam R$ 1,2 milhão em recursos de campanha. Apenas em Amargosa, o valor chegou a R$ 185 mil, distribuídos entre vários candidatos. Postos da Rede Dal também prestaram serviços em estados como Piauí e Minas Gerais.

Nas eleições de 2022, Dal já havia sido acusado de abuso de poder econômico, ao utilizar R$ 217,7 mil em verbas eleitorais em postos de sua família. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE), contudo, não encontrou provas de irregularidade.

Na última semana, o deputado foi alvo de busca e apreensão e teve o celular apreendido no aeroporto de Salvador. A ação também atingiu sete pessoas ligadas ao parlamentar, incluindo o prefeito de Riacho de Santana (BA), Dr. João Vitor (PSD), que foi afastado do cargo.

Dal Barreto e Evandro Balbino foram procurados, mas não se manifestaram até a publicação desta reportagem.

Fonte: Blog do Valente

RELACIONADAS

MAIS RECENTES